quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pernambuco comemora vitória de samba-enredo sobre Gonzagão no RJ

reproduções - internet
Em Pernambuco, a vitória da escola de samba Unidos da Tijuca, com o enredo sobre Luiz Gonzaga, foi comemorada por toda parte. Na pequena cidade de Exu, no Sertão, os conterrâneos de Gonzagão não falam em outro assunto. Emoção e orgulho tomaram conta da cidade desde o desfile e mais ainda na divulgação do resultado. Debaixo de um juazeiro, a conquista foi comemorada ao som de uma animada roda de sanfona – do jeito que Gonzagão gostava. "Isso é uma prova de que Luiz Gonzaga envolve todos os segmentos de cultura. É carnaval, samba, pagode, rock, soul...", diz o sanfoneiro Joquinha Gonzaga, sobrinho do mestre.
No Recife, a sanfona ditou o ritmo da comemoração num encontro de 25 sanfoneiros e vários sambistas no bar Arre Égua, conhecido reduto do forró na capital pernambucana, na Cidade Universitária. Eles cantaram juntos o samba-enredo da Unidos da Tijuca, com o boneco gigante do Rei do Baião como convidado especial . “Luiz Gonzaga foi uma estrela tão forte no Nordeste que a prova tá aí”, disse o sanfoneiro Camarão.
O mestre Dominguinhos acompanhou do Recife o desfile da Unidos da Tijuca e gostou do que viu. "Devido a Gonzaga ter chegado no Rio de Janeiro muito novo e começado toda a carreira dele, os ambientes por onde passou, onde tentou tocar, se perpetuar como sanfoneiro... Foi no Rio de Janeiro. Eles acertaram em cheio fazendo essa homenagem", afirmou.
A escola de samba Unidos da Tijuca não conquistou apenas ele, mas os jurados também. Por um décimo, a agremiação não obteve a pontuação máxima, de 300 pontos. Mas ficou com o primeiro lugar do grupo especial do carnaval carioca. Na Marquês de Sapucaí, 3.600 componentes ajudaram a contar a história do pernambucano nascido em Exu e que completaria 100 anos de vida em dezembro. Em cada fantasia, em cada carro alegórico, um pouco de Luiz Gonzaga e do amor que ele sentia pelo Sertão e sua cultura.
A partir das 20h, na Sala de Reboco, o cantor Toinho do Baião recebe Maciel Melo, Josildo Sá, Genaro e Beto Hortis para um show em homenagem ao Rei do Baião. Os ingressos custam R$ 20.


G1-PE

Luiz Gonzaga coroado no sambódromo

reprodução - internet


O carnavalesco Paulo Barros, mais uma vez, confirmou seu favoritismo ao título do carnaval pela Unidos da Tijuca. Com um desfile cheio de surpresas, o carnavalesco brindou o público com um espetáculo para deixar qualquer um boquiaberto. Até mesmo os jurados (do último modulo), que normalmente se mantêm impassíveis, aplaudiram de pé a passagem do último carro e também do próprio Paulo Barros na Avenida.

Com o enredo "O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o rei Luiz do Sertão", a Tijuca conseguiu transportar a plateia para o Nordeste de Luiz Gonzaga, com suas alas e carros criativos. Paulo Barros, que nos dois últimos carnavais retratou temas mais abstratos, disse que a mudança no estilo do tema não afetou o trabalho.

Um dos pontos altos foi a comissão de frente, chamada de "O rei mandou tocar o fole!", que arrancou gritos de "é campeã". Os integrantes carregavam uma sanfona que se abria. De lá, eles tiravam uma espécie de tubo sanfonado, onde podiam se esconder e fazer diferentes movimentos. Mas a grande surpresa ficou por conta da aparição de um Luiz Gonzaga, que saia de dentro de uma grande mola colorida, a alma da sanfona. O público foi ao delírio.

"A gente sair de uma coisa temática para uma biográfica foi um acréscimo. Ensaiamos durante três meses, todos os dias, por quatro horas. E na fase final, ainda intensificamos os ensaios", disse a coreógrafa Priscilla Mota, afirmando que a pressão para fazer algo diferente foi muito maior ano passado.

As alegorias vivas, uma das maiores características de Paulo Barros, também se fizeram presentes, como no terceiro carro: "Do barro, se fez a vida". Alguns bonecos de mestre Vitalino faziam movimentos sincronizados com pequenas sanfonas, enquanto outros ficavam em cima de enormes gangorras. O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira também veio como bonecos de barro.

O abre-alas foi outro que chamou atenção. Não apenas pelo inusitado desembarque dos vários reis que coroaram o Gonzagão na Marquês de Sapucaí, mas também pela homenagem a Joãosinho Trinta, que morreu em dezembro passado. Durante o desfile, os integrantes da alegoria levantavam uma faixa que lembrava o carnavalesco.

No último carro, mais uma alegoria viva. Uma grua levava um Luiz Gonzaga bem perto dos espectadores, enquanto integrantes do carro, caracterizados como asa branca, saiam de três grandes bolos negros.

A bateria do mestre Casagrande também animou, misturando forró com samba. Rosinha Gonzaga, filha de Luiz Gonzaga, desfilou na ala da diretoria em sua estreia na Avenida.

— É minha primeira vez na Marquês de Sapucaí. É um momento muito especial para todos nós, e agradecemos à escola pela linda festa — comentou.

Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha, neto de Luiz Gonzaga, também desfilou na Sapucaí:

— É muito bacana uma escola carioca homenagear o meu avô. O desfile abre um ano especial, do centenário dele.

NEY VITAL - Estadão