quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Presidente da Câmara faz viagem secreta à Europa e deixa cargo vago

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O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), escondeu a realização de uma viagem para Alemanha e não repassou o cargo à primeira vice, Rose de Freitas (PMDB-ES), deixando a Casa sem comando por cinco dias nesta semana. Maia está em viagem desde domingo, dia 22, e só deve retornar a Brasília no dia 30 de janeiro. Rose foi avisada pelo Estado, na quinta-feira, 26, de que o presidente estava fora do País e ficou revoltada. "Estou pasma."
O regimento interno da Câmara determina que quando o presidente se ausentar por 48 horas ele deve repassar o cargo ao primeiro vice. O Código de Ética da Casa, por sua vez, afirma que os deputados têm de cumprir as normas internas sob pena de responder a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética.
Na conversa com a reportagem, Rose manifestou estranheza com o fato. Ela lembrou ter falado com Maia na semana passada e disse que ele não a avisou de qualquer viagem.
A deputada destacou ainda que há uma combinação entre os dois de não viajar no mesmo período justamente para a Casa não ficar sem comando. "Eu sei das responsabilidades que eu tenho. A Casa tem que ter um funcionamento, tem que ter pessoas responsáveis", disse ela.
Apesar do recesso legislativo, o presidente da Câmara tem assuntos administrativos a resolver. Aliás, esta foi a explicação dada por Maia para ter comparecido a Casa no final do ano de 2011 e na semana passada, durante o recesso.
Durante estes cinco dias em que o presidente está no exterior e sua substituta não estava exercendo o cargo a Casa ficou sem ter quem tivesse essa responsabilidade. "Eu deveria saber disso. Porque não me deram essa notícia? Estou pasma. Se pega fogo na Casa, se tem um acidente qualquer, como fica?", observou Rose. "A questão administrativa requer tanto cuidado quanto a legislativa", completou.
A assessoria de Maia confirmou ao Estado que o presidente está na Alemanha. A ausência de qualquer comunicação foi atribuída a uma "falha administrativa". O aviso pode ser feito por meio de documento assinado por Maia ou em um sistema eletrônico que pode ser acessado por pessoas autorizadas pelo presidente. Não foi informado, porém, quem teria cometido a falha alegada.
Eduardo Bresciani e Beto Barata - Estadão

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