quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

“Estudante de São José dos Campos-SP foi aprovado para Harvard”


GUSTAVO HADDAD BRAGA Estudante, 17 anos. Mora em São José dos Campos, em São Paulo. Já ganhou mais de 50 medalhas em olimpíadas estudantis. Foi aprovado na Universidade de São Paulo, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, no Instituto Militar de Engenha (Foto: Filipe Redondo/ÉPOCA)
A culpada de tudo foi a professora Soraya, que me dava aulas de matemática na 6ª série em São José dos Campos, interior de São Paulo. Ela percebeu que eu aprendia rápido e me incentivou a participar da minha primeira olimpíada. Apesar de ser voltada para alunos mais velhos, das 7ª e 8ª séries, levei o ouro para casa. Por causa desses resultados, ganhei uma bolsa integral para o ensino médio no Colégio Objetivo. Participei de mais de 50 olimpíadas, incluindo sete internacionais, de matemática, física, química e até de linguística. Eu, que nunca tinha viajado para o exterior, pude conhecer países como Coreia do Sul, Azerbaijão, China e Tailândia.
Durante a premiação de uma de minhas primeiras olimpíadas, o pai de um aluno subiu ao palco e leu a carta de admissão do filho no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. O menino saltou da cadeira e eles se abraçaram, chorando. A cena foi marcante para mim. Nesse dia, descobri a possibilidade de estudar fora. Comecei a me preparar desde a 7ª série para meu sonho: a Universidade Harvard.
Meus pais são engenheiros e sempre me incentivaram, desde pequeno, a buscar respostas. Ainda lembro das explicações sobre o que é a chuva e o trovão. Isso contribuiu para eu gostar de buscar o conhecimento. Adoro estudar, mas sempre tive uma vida social equilibrada. Durante a semana, ficava estudando de cinco a 11 horas por dia depois das aulas. Só fazia intervalo para assistir aos seriados House Law & order. Nos fins de semana, curtia jogar bola, viajar, surfar, ir ao cinema e a baladas. Nunca namorei sério, mas já fiquei com algumas meninas.
Para memorizar melhor os conteúdos, criava associações entre as disciplinas. Quando estudava as teorias de um físico, pensava no momento histórico em que ele viveu. Com essa interdisciplinaridade, aprendi que a matemática não se resume a números, a biologia a nomes e a história a datas. Também ensaiava dar aulas sozinho no quarto, para organizar o raciocínio. Fiz um curso de leitura dinâmica que aumentou minha velocidade de absorção das matérias.
A avaliação das universidades americanas é completamente diferente das nossas. Lá tudo conta: hobbies, viagens, opiniões e recomendações de professores, além das notas das provas. Eles gostam de pessoas versáteis. Tive de fazer uma entrevista em inglês com um gestor da universidade por Skype. O contato com estudantes de diversos países nas olimpíadas me ajudou a praticar o inglês. Usei provas anteriores de Harvard e livros técnicos para estudar. Nos dois dias de provas escritas, feitas aqui no Brasil, são cobradas questões de inglês, lógica e outras três disciplinas escolhidas pelo aluno. Na primeira parte fiz 2.350 pontos, de um total de 2.400. Gabaritei a segunda. Fui aprovado. Vou tentar uma bolsa de estudos. Setenta por cento dos alunos conseguem algum desconto.
Passei também no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), no Instituto Militar de Engenharia (IME), além da medicina pela Universidade de São Paulo (USP). Como as aulas nos Estados Unidos só começam no segundo semestre, por enquanto vou estudar na USP. Se gostar, medicina pode ser minha opção em Harvard, mas a princípio estou entre física e engenharia. Como nunca fui aos EUA, agora quero aproveitar a viagem para conhecer a Disney com minha família.
GUSTAVO HADDAD BRAGA (EM DEPOIMENTO A NATHALIA TAVOLIERI - Época)

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